terça-feira, 21 de julho de 2009

o labirinto da cidade engole minhas forças
reduz meu infinito a um na multidão
eu quero a fuga verde das montanhas
no ponto de fuga da estrada, caminhão

o labirinto seco rouba o ar que inspiro
seu escuro cinza entrou no coração
devastando sonhos, inspirando medos
sinto seus presságios de aniquilação

o labirinto enorme onde meu grito cala
onde abafo o canto da minha intenção
é onde a voz dura da morte fala
que estou sendo morta desde a encarnação

eu quero a fuga verde das florestas
e o sabor das matas de silêncio e cor
onde as feras vivas regem as serestas
e o meu grito ecoa com o som do amor

sei que tenho garras e forças a mais
sei que tenho a fera na minha memória
que a cidade engole, golpeia e desfaz
mas, se resgatada, apaga minha história

Sem Título

desenho um barco
de sonhos leves como folhas de papel
com a linha do imaginário traço o horizonte
e abaixo dele nasce o mar
e acima dele nasce o céu
e em seus abraços nasço eu
perdida entre lá e cá
e meus olhos inundados de azul
já querem escurecer, já querem descansar
mas eis que o coração de novo apita um sonho
se eriçam, arrepiadas, minhas velas
(algum anjo travesso soprou o vento pra lá
e ele dança com meus traços...)
vejo o pó do sono que me naufragava alcançar o céu
e são milhares de olhos a me olhar
milhares de olhos no meu olhar
apago o barco, apago o mar...
o sonho do infinito quer me despertar