quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

XXIV

dentro da tua presença eu permaneci, imóvel
de tamanho espanto
e caminhei com minha pele por teu abraço
à exaustão dos poros
fatiguei as mãos insaciáveis do teu contato
derramei as vestes da minha história em busca
do teu gosto com os sete sentidos
rasguei meu peito em recolher-te todo
para dentro de mim
desejei gravar-te em minhas veias pela eternidade
e quis que cada parte do meu ser guardasse nítida
a memória de quem és
a sensação de quem somos
e com a fome de quem atravessou doze desertos
em direção à tua fonte
provei à larga o bálsamo destes olhos
converti em lábios todos os meus órgãos
reverti o tempo e voltei ao antes de nós dois
e após enfim o êxtase de ser-te a tal ponto
que apaguei de mim quem jamais fui sozinha
acordo ainda embriagada
inteiramente dilacerada
chorando ainda de prazer

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